16 abril 2009

LEITE DERRAMADO, o novo romance de Chico Buarque me sugou diante da vidraça, os olhos faíscados o devoraram de uma vez só.
Em busca de não mais chorar pelo leite derramado e de faísquinhas nos olhos. O que não tem remédio, remediado está.
Percebo cuidadosamente os sinais do dia-a-dia presenteados com delicadeza, um livro aqui, uma música acolá, uma frase num cartaz, um filme, uma viagem. A coragem é sempre um bom caminho a se seguir.


"Quando eu sair daqui, vamos nos casar na fazenda da
minha feliz infância, lá na raiz da serra. Você vai usar
o vestido e o véu da minha mãe, e não falo assim por
estar sentimental, não é por causa da morfina. Você
vai dispor dos rendados, dos cristais, da baixela, das
joias e do nome da minha família. Vai dar ordens aos
criados, vai montar no cavalo da minha antiga mulher.
E se na fazenda ainda não houver luz elétrica,
providenciarei um gerador para você ver televisão. Vai
ter também ar condicionado em todos os aposentos
da sede, porque na baixada hoje em dia faz muito calor...
...até eu topar na porta de um pensamento oco, que
me tragará para as profundezas,onde costumo sonhar
em preto-e-branco".

Chico Buarque

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